O capítulo 4 de Tiago deixa claro que
havia divisões e disputas carnais entre seus destinatários. Uma causa era os
desejos egoístas de muitos que queriam ser mestres (3.1), mas a causa básica
era a desobediência. Havia uma falta de verdadeira separação de suas vidas. É
uma grande tragédia quando os irmãos vivem em discórdia, em lugar de viver na
unidade (Sal 133). Amós disse: “Como andarão dois juntos, se não estiverem de
acordo?” (Am 3.3).
No capítulo 3.15, Tiago nos diz: “Essa
não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica”, mostrando
assim que o cristão luta contra o mundo (terrena), a carne (animal), e o diabo
(diabólica). Essa mesma lista Paulo apresenta no capítulo 2. 1-3 de Efésios,
onde ele descreve a vida do pecador não salvo. A pessoa não salva vive para o
mundo e para a carne, e está debaixo do controle do diabo. Os que confiam em
Cristo recebem o Espírito Santo e têm uma nova natureza. No entanto, ainda
batalham contra esses inimigos (Gal 5.16; Ef 6.12).
1. A carne (vv 1-3). A palavra
“deleites”, que seria a mesma palavra paixão, não necessariamente as paixões
sensuais, mas todo desejo carnal, ou que estimula a carne e cria problemas. Não
é o corpo que é pecaminoso, como alguns ensinam; mas sim, a natureza caída
quando controla o corpo, que o leva ao pecado, porque essa natureza é
pecaminosa. A carne é essa natureza humana separada de Deus, assim como o mundo
e a sociedade humana separada de Deus. É por isso que Paulo, escrevendo aos
Romanos 6, ele exorta a submissão de nossos membros ao Espírito Santo. No
versículo 2 e 3, Tiago descreve as ações pecaminosas destes crentes:
a) Cobiçam e nada tendes;
b) Invejam e nada alcançam;
c) Combatem e guerreiam, e não ganham
nada com isso;
d) Pois fazem tudo sem oração: “… porque
não pedis”;
e) E quando oram, o faz egoisticamente:
“Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites”
(v3). Para aumentar seus prazeres e não para glorificar a Deus;
f) A carne pode estimular uma pessoa a
orar! Mas sua oração nunca será para a glória de Deus. Logicamente, quando um
crente não está em paz com todos, ele está em guerra consigo mesmo (He 12.14).
2. O mundo (vv 4,5). O adultério
espiritual se constitui em estar casado com Cristo (Rm 7.4), e, no entanto amar
o mundo (2Co 11.2,3). No Antigo Testamento, Deus chama de “adultério” a
idolatria do povo de Israel, pois, o povo escolhido havia deixado de adorar ao
Senhor, para se prostrar diante dos ídolos.
a) Como pode um cristão ter amizade com
o mundo, quando foi chamado para sair dele? (Jo 15.18,19);
b) Fomos crucificados para o mundo, e o
mundo para nós (Gal 6.14);
c) Há pelo menos quatro passos que o
crente dá, para entrar nessa relação com o mundo: (1) Faz amizade com o mundo
(Tg 4.4); (2) Contamina-se com o mundo (Tg 1.27) (3) Passa a amar o mundo (1Jo
2.15-17); (4) Conforma-se com o mundo (Rm 12.1,2). Depois de o crente estar
nesse relacionamento com o mundo, ele passa a ser julgado por Deus, juntamente
com o mundo (1Co 11.32). Ló é um exemplo claro disso (Gn 13.10-13; 19).
3. O diabo (vv 6,7). Os cristãos que
vivem para o mundo e a carne se tornam orgulhosos, e o diabo aproveita desta
situação, porque o orgulho é uma de suas armas prediletas. Deus quer nos dar
mais graça, mais que qualquer coisa que o diabo pode dar. Devemos usar a
Palavra de Deus para resistir ao diabo (Lc 4. 1-13), e o Espírito Santo nos
capacita para assim fazer. Porém, Deus não ajuda ao cristão orgulhoso que se
recusa a arrepender-se e humilhar-se. A graça é para o humilde, não para o
arrogante. Devemos primeiro nos sujeitar a Deus; em seguida resistir
eficazmente ao diabo, e ele fugirá.
É importante que os cristãos, se auto
examinem para ver se alguns desses inimigos o estão derrotando.
Pastor Daniel Nunes da Silva é o presidente da Assembleia de Deus e Convenção com Sede em Campina Grande na Paraíba; 1º secretário da União de Ministros das Assembleias de Deus no Nordeste (UMADENE) e membro do Conselho Administrativo da CPAD.