Conheça a trajetória de vida e ministério do Presidente da Assembleia de Deus no Estado de Alagoas falecido em 24 de Julho de 2015
Pastor Neco faleceu aos 83 anos por falência múltipla de órgãos quando estava internado em SP no dia 24 de Julho de 2015 |
José Antônio dos Santos nasceu em 5 de dezembro de 1931, na cidade de Santana do Ipanema, no interior do Estado de Alagoas, filho de Alcides Antonio dos Santos e Otília Cavalcante dos Santos. Com uma infância simples e experimentando muitas dificuldades, José Antônio, desde criança, trabalhava na roça para ajudar os pais no orçamento doméstico, até que, aos 14 anos, decidiu aprender uma profissão. “Espelhei-me em um sapateiro chamado Nô Marcolino, que hoje não está entre nós. Eu andava 12 quilômetros para aprender a profissão e, com menos de dois anos, já estava vivendo por conta própria”, contava.
Ainda jovem, José Antônio tomou a decisão de viajar para tentar a vida em outro lugar. Passou por Sergipe, Paraíba e São Paulo, onde trabalhou num cafezal. Lá, foi convidado para liderar 40 homens, quando ainda tinha 22 anos de idade, demonstrando, dessa forma e desde cedo, sua vocação para a liderança.
Em São Paulo, conheceu a jovem Francisca Cavalcante, com quem se casou. Teriam, ao todo, nove filhos, sendo seis ainda vivos: José, Jemima, Jeilza, Gedida, Jesana e Jeilma, que lhes deram 13 netos e 01 bisneta. Os três filhos falecidos são Lucas, Luzineide e Lucicleide.
José Antônio voltou para Alagoas quando tinha 24 anos e por motivo de doença. Com ele, foi a semente do Evangelho plantada em seu coração quando ainda estava em São Paulo, onde ouviu falar do Evangelho de Cristo pela primeira vez numa fazenda.
Conversão e chamado para o ministério
Aos 23 anos, em junho de 1955, ele aceitou Jesus como seu Salvador. Dias depois, sua esposa também aceitou Cristo, tornando-se, por toda a vida, uma companheira fiel na obra do Senhor. Desejoso de se aprofundar mais ainda na obra de Deus, o jovem José Antônio dos Santos buscou e recebeu o batismo no Espírito Santo ainda no mês de outubro daquele ano. E em 30 de agosto de 1956, desceria às águas batismais.
Chamado por Deus desde o início de sua fé para trabalhar em Sua obra, a trajetória do irmão Neco como obreiro foi rápida. Ele começou trabalhando como auxiliar de trabalho na igreja de 1957 a 1958, até que, em 30 de agosto de 1958, foi separado para o diaconato. Exatos dois anos depois, em 30 de agosto de 1960, foi consagrado ao presbitério; e mais dois anos depois, em 30 de agosto de 1962, foi consagrado ao ministério de evangelista. Já a ordenação ao pastorado ocorreu em 30 de agosto de 1971.
Desde os anos de 1960, irmão José Neco já liderava igrejas. De 1962 a 1974, ele pastoreou as Assembleias de Deus nas cidades de Pão de Açúcar, Camaragibe, Jacuípe, Palmeira dos Índios,
Paulo Afonso e Arapiraca.
Em 1974, porém, assumiu como vice-presidente da Assembleia de Deus em Maceió, que era liderada à época pelo pastor Manoel Pereira Lima. Durante nove anos, ele exerceu essa função, até que, em novembro de 1985, devido a problemas de saúde do pastor Manoel Pereira, pastor
Neco assumiu interinamente a liderança da AD alagoana. Porém, pouco tempo depois, o pastor Manoel Pereira faleceu.
Posse marcante como líder da AD em Alagoas
Havendo a necessidade de ser eleito um novo pastor-presidente para liderar a Assembleia de Deus em Alagoas, o pastor José Antônio dos Santos, que até então estava interinamente presidindo a igreja, convocou o ministério alagoano para realizar a eleição do novo líder estadual no dia 3 de junho de 1986.
Muito prudentemente, ele convidou para presidir a referida eleição o pastor José Rodrigues Sobrinho, então líder da Assembleia de Deus em Sergipe. Para que houvesse lisura no processo eletivo do novo presidente, o pastor Rodrigues assumiu a presidência da igreja em Alagoas oito dias antes da eleição, garantindo transparência e honestidade na escolha.
No dia 3 de junho, data para a eleição do novo líder, no auditório do templo-sede, o pastor José Antônio dos Santos agradeceu a confiança a ele depositada durante nove anos como vice--presidente e seis meses na qualidade de presidente interino. Logo em seguida, o pastor José Rodrigues Sobrinho solicitou ao ministério que os candidatos à presidência da igreja se apresentassem para que fosse eleito, dentre eles, o novo pastor-presidente.
Diante do silêncio do seleto auditório de pastores e evangelistas da Assembleia de Deus em Alagoas, o presidente da reunião, pela segunda vez, solicitou que os candidatos ao cargo de pastor-presidente se apresentassem. Diante desta segunda solicitação, um grupo de líderes apresentou o pastor José Antônio dos Santos, que neste momento estava sentado junto aos demais obreiros, no auditório, como sendo o único candidato ao referido cargo. Diante da indicação do pastor José Antônio dos Santos, sem nenhum outro obreiro ter se apresentado como candidato, ele foi eleito por unanimidade.
Ao referir-se a esse episódio, o pastor José Sobrinho diria: “Estou muito feliz, porque este foi um marco histórico na história de uma igreja submissa, não à vontade humana, mas, sim, à vontade soberana do nosso Deus”.
Havendo sido eleito pastor-presidente, o pastor José Antônio dos Santos convocou imediatamente o presbitério da capital para comunicar-lhe a sua eleição efetuada pelos obreiros do interior do Estado e, ao mesmo tempo, pedir-lhe também a aprovação. Da mesma forma, os presbíteros da capital aprovaram a sua eleição e, no dia 6 de junho de 1986, o pastor José Neco assumiu efetivamente a presidência da igreja e do ministério em todo o Estado de Alagoas.
Em seu discurso de posse, pastor José Neco declarou: “O que eu mais desejava neste momento era fazer uma festa, com bandas e corais, devolvendo a direção da igreja ao pastor Manoel Pereira. Mas, se Deus o tomou para si, que seja feita a Sua vontade. Quanto a mim, daqui por diante, espero que os mais novos me considerem como pai, os da mesma idade como irmão e os mais velhos como filho. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, recebo esta grande responsabilidade, esperando corresponder à altura a confiança em mim depositada”.
Ainda na noite da sua posse, ladeado por pastores de diversos Estados, por sua família, pelo ministério local e pela igreja, o pastor José Antônio dos Santos afirmou que desejava desenvolver o ministério presidencial marcado por três coisas: “A unção, a união e a alegria”, realidades estas que aqueles que o acompanharam ao longo de todos esses anos de abençoada presidência atestaram em sua gestão.
Seguiram-se, então três décadas de um ministério profícuo e abençoado, marcado não apenas pela expansão da Assembleia de Deus no Estado de Alagoas, mas também por investimento na obra missionária, com o envio de vários obreiros ao estrangeiro.
Paixão pelo estudo da Palavra de Deus
Desde cedo, pastor Neco demonstrou paixão pelo ensino e a pregação da Palavra de Deus. Desde seus primeiros anos como obreiro, ele cultivou o hábito de anotar todas as coisas interessantes que ouvia em pregações ou estudos bíblicos, seja de grandes pregadores e ensinadores até dos irmãos mais simples. Leu a Bíblia várias vezes e amava o estudo da Palavra.
Ele fez Teologia pela primeira vez na Escola Teológica das Assembleias de Deus no Brasil, formou-se bacharel em Teologia pela Faculdade de Filosofia e Teologia de Alagoas e como doutor em divindade pela Faculdade de Filosofia e Teologia Filadélfia.
Nas últimas duas décadas de sua vida, devido ao seu notório chamado também para o ensino, pastor Neco passou a ser chamado com muita frequência para ministrar estudos bíblicos em Escolas Bíblicas pelo Brasil. Ministrou também em Escolas Bíblicas Nacionais promovidas pela Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e foi com frequência preletor nas últimas edições da Assembleia Geral da CGADB.
Um ministério reconhecido
O ministério e a liderança do pastor José Neco foram reconhecidos em todo o Nordeste e no Brasil. Não é à toa que foi eleito por seis vezes consecutivas presidente da União de Ministros das Assembleias de Deus no Nordeste (Umadene), órgão criado em 1985 e que teve, em quase metade da sua história, o pastor Neco como seu líder.
Na CGADB, ele fez parte de vários órgãos: Conselho Regional Nordeste (1993 e 1999), Conselho Administrativo da CPAD (1995) e Mesa Diretora (desde de 2001, sempre exercendo funções de vice-presidência).
Ao todo, foram 60 anos de fé e 53 anos de um pastorado profícuo e abençoador não só para a igreja de Alagoas, mas para todo o Brasil. Como disse o salmista, “os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e Ele deleita-se no seu caminho” (Sl. 37.23).