Pastor Everaldo (PSC) é membro da AD no RJ
Marina Silva (PSB) é membro da AD no DF
O nome de Marina Silva foi
confirmado no último sábado pela direção do PSB, restando agora a definição de quem
será o(a) candidato(a) a vice. Com isso, o Brasil terá oficialmente dois
evangélicos postulando o cargo de presidente. Neste caso, tanto Everaldo Pereira
(PSC) quanto Marina (PSB) são membros da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, a maior denominação evangélica do país. Ambos possuem reconhecimento institucional, ele é pastor e ela,
missionária.
Ainda é cedo para dizer
como isso será decisivo na corrida eleitoral deste ano, mas provoca uma mudança
clara. Desde o início de 2014 as pesquisas indicavam a reeleição de Dilma, indo
para o segundo turno com Aécio. Uma das últimas pesquisas divulgadas antes do
acidente que matou Eduardo Campos indicavam a petista com 38%, o tucano com 23%
e Campos com apenas 9%.
Mas segundo a revista
Veja, o PSB já encomendou uma pesquisa telefônica com 30.000 pessoas. O
resultado retoma o cenário do ano passado, Dilma Rousseff está em primeiro
lugar, mas Marina surge em segundo, um pouco à frente de Aécio Neves. Seria um
empate técnico, considerando-se a margem de erro. Num provável segundo turno,
Marina ganharia de Dilma, embora também haja empate técnico.
O eleitorado evangélico
seria suficiente para eleger um presidente? Segundo analistas, sim. Mas retoma-se
a antiga questão: “Evangélico vota em evangélico?”
Consultado pelo UOL, o
historiador Marco Antônio Villa, entre outros especialistas não acreditam
nisso. “Acho que há uma avaliação exagerada desse apoio. É natural que os
pastores afirmem ter enorme influência, afinal, querem que seu apoio político
seja recompensado. Acredito que esse eleitorado tenha uma relativa
independência”, explica Villa. “A representatividade dos evangélicos nas
assembleias legislativas e na Câmara é muito menor do que o número de fiéis
existentes no país”.
Para o historiador de
religiões Leandro Seawright Alonso, “Existe uma tendência de os fiéis seguirem
seus pastores em alguns setores. A escuta dos pastores pentecostais na
periferia, por exemplo, é mais ampliada”. Mesmo assim, “ainda não há um voto
evangélico em nível nacional que seja decisivo para as eleições presidenciais”.
Com ou sem o apoio de todos os evangélicos, Marina volta a ter chances reais de
se tornar a primeira presidente evangélica do Brasil desde a redemocratização.
Alguns políticos já se
manifestaram sobre essa mudança de cenário que se desenha na corrida eleitoral.
O senador Magno Malta(PR-ES) declarou a revista Época: “Nós já tínhamos gente
dentro do segmento evangélico que estava com Eduardo (Campos) por causa de
Marina. Isso certamente deve aumentar se ela for candidata… Ela rouba votos de
Dilma, mas não de Aécio, que tem um eleitor cativo. Mas Aécio agora terá
problemas para chegar ao segundo turno”.
Aliado do pastor Everaldo,
Malta vê algumas restrições do segmento evangélico a Marina: “Existe uma série
de questões importantes para os evangélicos sobre as quais ela não se
posicionou abertamente”. Em 2010, Marina perdeu apoio de lideranças importantes
como o pastor Silas Malafaia, que a acusou de “estar em cima do muro”, pois não
se posicionou contra leis que segundo ele “ferem os princípios bíblicos”.
Quatro anos depois,
Everaldo conseguiu o apoio de muitos líderes evangélicos influentes, mas tem
apenas 3% das intenções de voto nas pesquisas.
Com o início da propaganda
eleitoral gratuita na televisão, é provável que Dilma seja confrontada pelos
adversários sobre sua posição contrária às chamadas “pauta religiosas”, prevê
Villa. Entre elas estão aborto, casamento gay, legalização das drogas e defesa
da família tradicional.