FONTE: Mensageiro da Paz - Fevereiro 2013
Blog do Pr. Carlos Roberto
QUAL A RELAÇÃO IGREJA E CARNAVAL?
O CARNAVAL, festa celebrada todos os anos por inúmeras pessoas ao redor do mundo, tem mormente no Brasil total apogeu da sociedade, inclusive do poder público. Considerando a chegada da pós modernidade, o crescimento da Igreja, bem como as próprias implicações do final dos tempos, surgem novas denominações evangélicas defendendo a participação de grupos religiosos como forma de evangelização. Algumas igrejas, inclusive, já montam seus blocos carnavalescos, e através dessa atitude se auto promovem como Igrejas inclusivas que estão abertas a tudo e a todos, como prova de sua demonstração de amor para com o próximo.
Creio que existe uma linha muito tênue a ser observada nessas atitudes, no sentido de que a Igreja do Senhor não ultrapasse os limites de atuação colocados pelo próprio Deus em sua santa Palavra. O apóstolo Paulo foi claro e até mesmo enfático quando disse: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convém. Todas as coisas me são lícitas, mas não me deixarei levar por nenhuma delas.”
Carnaval e Igreja, na própria concepção dos termos não se coadunam, senão vejamos:
A Igreja é a Eclésia de Deus, separada do mundo, chamada para a santidade, constituída por um povo especial, zeloso e de boas obras – Tito 2: 14. O próprio Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor, fundados da Igreja, nos deu a sublime e nobre missão de atuarmos com “sal da terra e luz do mundo”. Fomos chamados para fora do mundo com intuito de fazermos a diferença. Até mesmo nossa maneira de protestar contra as mazelas do mundo deve ser de maneira profética.
Por outro lado, já o carnaval, é cultural e tradicionalmente classificado como uma festa da carne, originada na idolatria a uma diversidade de deuses. No Brasil, a sociedade tem procurado atenuar essa realidade, classificando-a como uma espécie de folclore e manifestação popular, mas essa atitude não tem sido suficiente para descaracterizar e suprimir as estatísticas que contabilizam os homicídios, suicídios, prostituição, gravidez indesejada, pessoas que se tornam viciadas no alcoolismo, dependentes químicos através das drogas e todo tipo de imoralidade, a partir do carnaval.
Seria essa uma festa apropriada para uma associação com a Igreja de Jesus Cristo? É empírico que não.
A Bíblia diz: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?” 2 Coríntios 6:14. Não é possível combatermos as obras das trevas com as mesmas ferramentas maléficas, ou combatermos o pecado com o próprio pecado. Isso é impossível.
A Bíblia Sagrada condena tal prática e nos orienta a nos abstermos e nos mantermos afastados dela: “E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.” Efésios 5:11. A Igreja deve se afastar, condenar e combater tal prática. No mesmo capítulo da última citação das Escrituras, somos exortados a aprovarmos tão somente o que é agradável ao Senhor, e também não sermos companheiros daqueles que praticam o que desagrada a Deus.
A proliferação de novas denominações e ministérios evangélicos, é um dos principais motivos e também motivações que levam a tais atitudes. Esses ministérios, em sua tentativa de atraírem público para si a qualquer custo, se esmeram na criatividade e no empreendimento de um ativismo religioso desenfreado e, nessa ganância por espaço eclesiástico, findam por ultrapassarem todo e qualquer limite daquilo que entendemos ser ético para o povo de Deus.
Dentro dessa linha de raciocínio, teria a Igreja que infiltrar “prostitutas evangélicas” nos prostíbulos, “bandidos evangélicos” nas quadrilhas de malfeitores, no afã de ganharmos para Jesus os que lá estão? Seria isso ético? Como o próprio mundo veria isso?
Em mais de dois mil anos de Igreja cristã, jamais a eleita de Cristo esteve associada a essas práticas. Não precisamos depreciar, nem mesmo degenerar nossa imagem diante do mundo para alcançarmos os perdidos. Não precisamos nos render ao pecado para atrairmos o pecador, afinal, a graça de Jesus Cristo e o Espírito Santo são os responsáveis por fazer com que a Igreja caia na graça de todo o povo, e por esse motivo se agreguem à Igreja todos aqueles que hão de se salvar. Assim foi na igreja primitiva, assim ainda é nos dias de hoje.
É preciso todo cuidado com as falácias dos falsos profetas e doutores que querem reinventar o evangelho, ancorados na tese da modernidade. Tanto o apóstolo Pedro, assim como também Judas, nos alertaram contra os tais em suas epístolas. Eles dizem o que convém, no afã de agradarem seus ouvintes, mas na prática não defendem o evangelho de Cisto, mas o seu próprio ventre e interesse.
É necessário combate intensivo por parte dos líderes da Igreja, senão a prática vai se disseminando e quando nos apercebermos será difícil o combate apologético das heresias modernas. Infelizmente, a avalanche de informações favoráveis é tão forte, que chega a acuar e amedrontar obreiros verdadeiros. Isso não pode acontecer, a igreja precisa cumprir sua missão profética em tempos trabalhosos. Por esse motivo, o apóstolo Paulo recomendou a Tito, que estabelecesse presbíteros, somente aqueles que “tivessem poder em suas palavras para combater os contradizentes”, justamente porque a Igreja não pode falhar em sua missão de pregar o evangelho, fazer discípulos e ensinar. É necessário autoridade espiritual.
A Igreja do Senhor não pode ficar “em cima do muro”. Quem assim age, torna-se cúmplice e pratica a omissão. Alguns cristãos não participam diretamente do carnaval, mas de maneira indireta quando passam horas à frente de um aparelho de televisão alimentando sua mente com imagens que desagradam a Deus, o que além de ser pecado, contribui com os índices de audiência de tais transmissões, o que por fim gera recursos financeiros para seus patrocinadores.
Os líderes devem ensinar seus liderados, os pais devem reunir seus familiares e instruí-los através da Palavra, afinal de contas a Igreja deve se posicionar e difundir esse posicionamento. A moderna atitude de um “evangelho light” tem sido nefasta pra os fundamentos da Igreja, e por esse motivo, atitudes pecaminosas tem adentrado silenciosamente em nosso meio.
A ideia de que a Igreja deve se aproveitar todas as oportunidades para pregar o evangelho, nesse caso não subsiste, uma vez que a eleita do Senhor tem todos os dias do ano para difundir as verdades do Reino, seja pelo testemunho pessoal, da literatura, da mídia e das mensagens nos cultos de evangelização, sem contrariar o princípios do Mestre.
O Evangelho está à disposição de todos, sempre, pelo que a festa carnavalesca não deve ser usada como álibi para essa mistura.
A Igreja está de um lado e o mundo do outro, e o carnaval é do mundo que jaz no maligno, portanto, a Igreja cuida das coisas do Espírito e o carnaval das coisas da carne, e estes se opõe um a outro.
Pr. Carlos Roberto Silva
Vice Líder da AD Cubatão/SP
Vice Presidente Executivo da COMADESPE
Secretário do Conselho de Doutrina da CGADB